Escutar com um processador de som é mais do que simplesmente ligá-lo. Aprender a escutar exige paciência e prática, isto é necessário e definitivamente vale a pena.
As pessoas algumas vezes perguntam sobre a necessidade de reabilitação auditiva em adultos depois da implantação coclear. Como se pode ensinar a escutar? Há terapeutas especiais da fala e da linguagem que trabalham com usuários adultos? É realmente necessária a reabilitação de adultos?
A reabilitação para crianças depois de serem implantadas é uma parte aceita do processo de implante. De fato, muitas clínicas de implantes cocleares consideram que é tão importante que exigem que os pais das crianças pequenas assinem um acordo que estabeleça as responsabilidades familiares para a reabilitação depois da cirurgia.
Uma criança pequena com um implante coclear e a sua família exigem um programa integral de reabilitação para ajudar a reconhecer os sinais auditivos e para integrar naturalmente os diversos componentes da comunicação, incluídos a escuta, a fala, a linguagem, a leitura e o pensamento.
Este é o caso dos pequeninos; para o caso dos adultos usuários de implante coclear, deve-se realizar um treinamento a partir de suas experiências auditivas consolidadas em sua memória auditiva.
Sabemos que os adultos, assim como as crianças, também obterão melhores resultados e um progresso mais rápido com o que, de agora em diante, chamaremos de reabilitação.
A grande diferença é que no caso da pessoa adulta o tratamento vai focar no restabelecimento de uma função que, tendo sido desenvolvida, foi perdida por diferentes motivos e, por isso, deve ser reabilitada. No caso de crianças é diferente porque se trabalha para desenvolver uma função que nunca teve, ou seja, procura-se habilitar a função auditiva.
A tecnologia do implante coclear tem como propósito proporcionar o acesso a sons tanto ambientais como da fala, mas é importante entender que a reabilitação auditiva para os pacientes adultos pretende ensinar e praticar estratégias que podem ajudá-los a desenvolver habilidades já que os mesmos podem precisar de ajuda para aprender novamente e reconhecer os sons (treinamento auditivo).
Definitivamente, esta tecnologia proporciona um acesso ao som muito maior e de melhor qualidade, e faz com que algumas pessoas suponham que o usuário adulto não necessita de uma reabilitação audiológica.
No entanto, este é um conceito errôneo, já que os adultos necessitam da ajuda de um profissional para aprender novamente a reconhecer os sons ambientais e compreender a fala para conseguir usufruir ao máximo o benefício que o seu dispositivo pode oferecer.
É importante entender que os adultos também se beneficiam ao aprender e praticar estratégias e habilidades que podem ajudá-los a manter o processo da comunicação sob controle e que escutar com um implante coclear não é o mesmo que ter a audição natural, por isso necessita “treinamento”.
Estes são os passos da reabilitação em adultos após o implante coclear:
Passo 1. Pré-implante.
É ideal receber uma assessoria prévia ao implante com o objetivo de entender todos os benefícios e implicações durante o processo através de aconselhamento por parte dos profissionais especialistas, sejam eles reabilitadores auditivos, fonoaudiólogos ou audiologistas que possam esclarecer todas as suas dúvidas.
A confiança virá ao saber o que esperar depois da cirurgia e como se cuidar durante a recuperação.
É importante que um especialista conte detalhadamente as prováveis incidências, por exemplo, que no início é possível que não entendam as palavras, ou que se sinta confuso. Isto é normal e diminuirá a ansiedade com o uso frequente do processador.
Passo 2. A ativação. A primeira conexão do processador.
Prepare-se para a vida com a sua nova audição! Depois de receber o implante, o seu cirurgião irá recomendar um período de recuperação adequado para você (que pode durar até quatro semanas).
É possível que você se sinta emocionado ou nervoso enquanto estiver se preparando para escutar com o seu processador de som pela primeira vez.
O profissional (reabilitadores auditivos, fonoaudiólogos, audiologistas) irá explicar como funciona o seu processador de som e como cuidá-lo. Eles programarão e estabelecerão os níveis de volume para diferentes tons que sejam adequados para você.
Realizam uma avaliação da fala (sub-habilidades auditivas) onde se estabelece qual é o seu desempenho auditivo com o sistema considerando as sub-habilidades auditivas (Detecção, discriminação de aspectos suprassegmentais, identificação, reconhecimento e compreensão).
Não se preocupe se não puder escutar com clareza de imediato. Leva tempo e prática treinar o cérebro para compreender os sinais que estão sendo recebidos.
Também é hora de compreender como escutar com o seu implante e como aproveitá-lo ao máximo.
Passo 3. Um plano de tratamento adequado e eficiente
O principal é ter o processador ligado durante a maior quantidade de horas possíveis e em ótimas condições de funcionamento e calibração (que vai melhorando à medida que for fazendo a reabilitação e se adaptando às necessidades do paciente).
Adicionalmente se deve criar um plano de tratamento que seja eficiente e efetivo. É importante determinar o nível inicial de funcionamento auditivo do usuário a partir da Avaliação da percepção da fala.
Esta avaliação de base permite que o médico ou audiologista estabeleça metas e selecione atividades que sejam apropriadas para as necessidades individuais de cada receptor. A equipe que o realiza pode incluir:
- Terapeuta (Reabilitador auditivo e de linguagem/Fonoaudiólogo)
- Audiologista
- Psicólogo
Eles avaliarão em que nível ou momento se encontra cada paciente e determinam as ações a seguir.
Passo 4. Aprender a discriminar os sons com o implante novo.
Um programa de reabilitação contribuirá para que os usuários de implantes cocleares alcancem o seu máximo potencial. A natureza e o conteúdo dos programas de reabilitação variam com cada indivíduo e inclusive com aqueles com excelente rendimento depois da estimulação inicial, que se beneficiam de um programa de reabilitação desenhado para as suas necessidades.
No entanto, é importante para todos seguir as seguintes avaliações:
O teste dos seis sons de Ling:
É um procedimento que pode ser utilizado por audiologistas, patologista da fala e linguagem, professores, pais e familiares. O teste dos seis sons de Ling informa sobre como o paciente está recebendo o sinal da fala.
Como o seu nome indica, há seis sons no teste de Ling Six. Estes sons representam toda a faixa de voz baixa até a alta frequência. Se puder escutar estes sons, poderá escutar todos os sons da fala.
a . . . . . (como em água)
u . . . . . (como em unha)
i . . . . . . (como em minha)
sh . . . . (como o som que representa: silêncio)
s . . . . . (como em sopa)
m . . . . (como em manhã)
Ensinar a discriminar os sons
A discriminação é a capacidade de saber se dois sons são iguais ou diferentes.
Para discriminar entre dois sons, o ouvinte primeiro deve poder detectá-los. Portanto, a discriminação é uma tarefa de «nível superior». Pode-se trabalhar em nível de voz (voz de ruído, vozes masculinas de femininas, voz falada de voz cantada etc.), em nível de sons e de palavras dependendo das necessidades de cada um.
Identificar e reconhecer as palavras:
Tentar identificar cada uma das palavras e reconhecê-las.
Dependendo do nível de base pode-se trabalhar em formato fechado com todos os estímulos presentes, sejam em imagens ou por escrito; formato aberto, o paciente deve reconhecer o que alguém disser sem nenhum tipo de dica ou informação prévia e uma opção imediata entre ambos que é formato aberto com uma ideia, onde a tarefa é identificar com uma dica ou ideia, por exemplo: “vou dizer cores ou dias da semana ou animais”, os estímulos não estão presentes, mas se tem uma ideia sobre o que vai ser escutado.
É importante trabalhar de acordo com os interesses e necessidades de cada indivíduo para que o processo seja mais ameno e produtivo.
Passo 5. Continuar com os exercícios ou prática em casa.
O assessoramento adicional, a educação, o treino em habilidades perceptivas e a formação na dinâmica da comunicação facilitam no controle independente do indivíduo com deficiência auditiva para melhorar as habilidades de comunicação.
- Nunca deixar de provar, estimular ou “brincar” com o seu processador!
- Sempre praticar e aprender a escutar
- Sair pelo bairro e tentar detectar, discriminar e reconhecer sons; assistir filmes com legendas e ler em voz alta são algumas das atividades que podem ser realizadas em casa para estimular a escuta ativa.
A mudança repentina na capacidade auditiva após o implante afeta o pacienta, a sua família, amigos e colegas de trabalho. O processo de reabilitação acelera-se e as oportunidades de sucesso melhoram se estas pessoas estiverem envolvidas.
Com trabalho, tempo, prática e paciência, cada usuário de implante coclear poderá melhorar a função da comunicação.
Aprender a aproveitar ao máximo o potencial do dispositivo é um processo contínuo. Tanto os usuários quanto familiares ou amigos devem trabalhar juntos para se converter em melhores comunicadores e devem saber que dependendo da flexibilidade do paciente (que é fundamental), o processo para conquistar uma escuta o mais normal possível pode levar em média de seis meses a dois anos.
Lembrem: cada pessoa tem o seu próprio ritmo. O único fracasso é deixar de tentar.
Tenha em conta
A informação neste guia é somente para fins educativos e não tem a intenção de diagnosticar, prescrever tratamento ou substituir o conselho do médico. Consulte o seu médico ou profissional da saúde sobre os tratamentos para a perda da audição. Eles poderão assessorar sobre uma solução adequada para a sua condição de perda auditiva. Todos os produtos devem ser usados somente segundo as indicações do seu médico ou profissional da saúde. Nem todos os produtos estão disponíveis em todos os países. Por favor, entre em contato com seu representante local da Cochlear™.
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